Uma crise é considerada como :"Percepção de um evento ou situação,com uma dificuldade intolerável,que excede os recursos e os mecanismos de luta de uma dificuldade intelerável,que excede os recursos e os mecanismos de luta de uma pessoa" (Gilliland e James 1988).
Existem alguns casais que durante as crises vitais ou inesperadas esquecem os votos matrimonias e do pacto conjugal de confiança,fidelidade,permanência e companheirismo que fizeram diante do altar.Para prevenir as crises,ou durante elas,o casal deve perseverar e lutar constantemente pela sua vida matrimonial.
Em minha experiência como psicoterapeuta,ao analisar casos resolvidos e alguns por resolver,constatei que a maioria dos casais passa por crises devido a uma comunicação inadequada,em segundo lugar por casos de infidelidade,e depois,devido a problemas econômicos,ciúmes,insatisfação sexual,criação de filhos e pela rotina.
O casamento é uma constante aprendizagem.Embora nos casais mais bem consolidados possam surgir diferenças na convivência,isso não quer dizer que o cômjuge seja apenas a prolongação de nossos desejos,mas se trata de mutuamente se complementarem um ao outro,de prover felicidade um ao outro e conservarem sempre o desejo de estarem juntos,contudo,esse processo não é isento de dificuldades.
A vulnerabilidade ou fragilidade diante das crises dependerá em grande parte das características da personalidade,herança,experiências passadas e falta de habilidades para tomar decisões.Estas características frequentemente debilitam a possiblidade de enfrentar adequadamente as crises,em qualquer das suas modalidades.
Crises vitais
Entre os diferentes tipos de crises destacam-se as chamadas crises vitais que são aquelas que fazem pare do ciclo da vida:o período de recém-casados,o início da criação de filhos,os desafios de ter filhos na etapa pré-escolar e depois na escolar,as crises com filhos adolescentes e jovens,as preocupações próprias dos adultos,as preocupações na meia idade e a aposentadoria.Estas crises,apesar de fazerem parte do desenvolvimento natural do indivíduo,podem produzir desde a separação até o divórcio legal.Na medida do possível,é preciso buscar prevenir ou sobrepor-se ao que virá,em cada idade ou etapa da vida.
Quando ocorre uma crise matrimonial,há ocasiões em que o problema fica tão incontrolável que é difícil saber como encará-lo e por onde começar. É evidente que as relações no casamento são complexas e que não há fórmulas totalmente fixas para serem usads neste âmbito.Sem dúvida,em certas ocasiões será necessário procurar ajuda profissional,mas nunca chegaremos a um porto seguro se não começarmos pelo primeiro:reconhecer qual é a nossa parte dentro do problema e o que podemos fazer para resolvê-lo.
A comunicação é um sistema em que o casal deve estar sempre atento visto que tem que ver com a expressão de sentimentos e pensamentos.O desejo natural de expressar pensamentos e sentimentos torna necessária a presença de alguém muito íntimo como o cônjuge.A comunicação é a fonte da intimidade.Na verdade,os problemas de comunicação aumentaram em nossos dias devido à rotina,o cansaço,o estresse,a ansiedade e um inimigo cruel da sociedade moderna:a falta de tempo.Em minha experiência profissional ouvi muitas vezes a frase:"Ele nunca me convida para sairmos sozinhos".A desculpa que frequentemente apresentam os maridos é:"Não tenho tempo".Isto tem gerado solidão,tristeza e desamparo na vida de muitas esposas.
Problemas de comunicação
Por outro lado,não é raro que,em casamentos com dificuldades para enfrentar crises,a comunicação esteja contaminada de palavras destruidoras que ferem a alma,assim como golpes letais que causam dor no corpo.A comunicação destrutiva traz consigo a falta de respeito para com a opinião do outro.O indivíduo acredita que sempre tem razão e não se coloca no lugar do outro para compreender o que realmente ocorre.Por trás de uma palavra destrutiva está o veneno do orgulho que vai minando a intimidade.Os laços afetivos quebrantados e a soberba de não saber reconhecer a falta,produzem uma luta constante de ataque e defesa.
A falta de comunicação afetiva se converteu em um costume para muitos casais.Há casos onde a conexão emocional está sendo perdida e apenas existe uma comunicação superficial que se limita à informação dos gastos,ou o que se irá comer no dia seguinte,porém a comunicação profunda está sendo descuidada,bem como o interesse pelo bem estar emocional do outro,e o contato físico e afetivo.Imagine caro leitor,um casal sentado diante de uma lareira,recordando momentos especiais e olhando suas fotos;ou um casal sentado diante do mar beijando-se e acariciando-se.Essa é uma cena linda.Pois bem,é possível que não se tenha uma lareira enorme nem more junto ao mar,mas há mil maneiras em que um casal criativo pode desfrutar de uma intimidade verdadeira.É necessário fugir da rotina e evitar as desculpas de sempre:"Não tenho tempo", "Não me interessa", etc.É triste constatar que outras atividades sejam as prioridades de um casal,enquanto a sua relação conjugal vai morrendo com o cultivo de componentes superficiais que não preenchem ou satisfazem.
Saber escutar é parte de uma adequada comunicação,saber escutar contribui com o acerto.Todos desejamos ser escutados,mas nos esquecemos de calar quando é necessário.No casamento saber escutar diminui grandemnte os ressentimentos,as más interpretações ou os maus entendidos.saber escutar é não fazer juízo,é não criticar,nem interpretar a mensagem à minha maneira,ou escutar só o que me convém ou o que desejo escutar.Na verdade isto é uma arte que todos podemos aperfeiçoar,Em meus seminário sempre pegunto quantas orelhas e quantas línguas temos.A resposta é óbvia:duas orelhas e uma língua.Isso significa que tenho que escutar mais e falar menos.Se realmente soubessemos escutar de fato,a nossa vida seria mais completa e serena.
Lamentavelmente,no mundo em que vivemos é muito frequente outra crise:a da infidelidade conjugal.Vivemos em um entorno social de tanta falta de lealdade que parece que ser infiel se tornou algo muito comum e cotidiano.
A infidelidade altera negativamente toda a dinâmica da família e será necessário percorrer um longo caminho para poder voltar a reestruturá-la.
Compartilho o conceito de que a infidelidade é cruzar os limites com uma terceira pessoa.Se o indivíduo permite dar informação confidencial,se ele compartilha as suas emoções,isto gera uma intimidade muito poderosa.Como cônjuges devemos perguntar quais foram os modelos a respeito deste assunto e tratar de maneira aberta e sincera.A infidelidade é causadora de muita tristeza e depressão no ser humano.gera pensamentos irracionais como:"Todos os homens e mulheres são iguais","ninguém me ama", "O amor não é para mim", etc.
Para muitos pesquisadores,a infidelidade não se trata de falta de amor para com o companheiro,senãod e cruzar as fronteiras com um terceiro.Os estudos afirmam que 85% dos casamentos infiéis terminam em outra crise que é o divórcio.
É necessário reafirmar que o problema não está na crise propriamente dita,mas na percepção que se tem dela e nos recursos utilizados pelo casal para confrontar e combater essas crises.Quando o casal vê na crise uma oportunidade de crescimento pessoal e familiar,a sua visão será otimista;mas se a vê como uma desgraça isso gerará uma visão catastrófica.Quando a situação transcende os recursos usados pelo indivíduo,esta será realmente uma crise.
Filipenses 4:13 nos diz:"Tudo posso naquele que me fortalece".Isso indica que é possível manter o controle da situação,mesmo em meio de uma crise.Um casamento não tem porque estar fadao ao fracasso,pelo contrário é possível alcançar o auge de um amor profundo,verdadeiro e abnegado.
Para alcançar o objetivo de ter um casamento feliz,é necessária uma vida consagrada e dedicada a Deus.Ele deve ocupar o primeiro lugar em nossa vida.Ser realmente o primeiro em nossos afetos.Quando o amor de Deus mora no coração de cada marido e mulher,eles estarão em condições de enfrentar,vitoriosamente,as crises em sua vida conjugal.A presença de Cristo no lar converterá pais e cônjuges em pessoas íntegras e com autoridade diante de seus filhos e da sociedade.Então este é o tempo de colocar a Cristo no trono do nosso lar.
Ana Escobedo Rios é Docente da Universidade Peruana Unión.Psicóloga Clínica- Terapeuta familiar.